Tive a sorte de passar pelas de um médico que foi um anjo da guarda em minha vida. Aliás dois médicos para não ser injusto com nenhum... Um psiquiatra que quando entoava sua voz me transmitia a segurança e a paz que meu coração necessitava quando ia ao seu consultório. Com igual empatia passei pelas mãos de uma psicóloga especialista em depedência química. A minha rotina era passar pelos médicos e ficar em casa tomando os remédios que me foram receitados. Mas a pior parte era o ócio, detestava ficar em casa sem fazer nada. Sentia muita falta do trabalho, e os meus dias eram todos iguais. As vezes ainda dava umas "viajadas ", com algum tipo de comentário que não fazia a menor coerência, mas elas eram cada vez menores. Alguns amigos às vezes vinham me visitar em casa, mas eu não sabia mais nem o que conversar. Fiquei muito tempo fora da realidade, e todo o tempo que fiz o tratamento fiquei longe das drogas. E claro sentia muita falta também. Acho que quando eu "fumava um" era mais feliz. Quando recebia visitas em casa pedia desculpas, por simplesmente não saber mais "conversar". Eles tentavam puxar um diálogo comigo e eu respondia e ficava mudo. Não sabia continuar o papo, e mergulhei naquilo que mais tarde batizei de "A Grande Tristeza". Não me restava dúvida de que a minha grande tristeza era a falta da maconha. Mas o tempo e o tratamento longo estava dando resultados eu estava me sentindo cada vez melhor, e cada vez mais conseguia enxergar o mundo com a perspectiva de uma pessoa "normal". Agora que estava me sentindo bem começei a procurar um trabalho, mas devido aos problemas que passei e o fato de morar em uma cidade pequena não era uma das coisas mais fáceis de se conseguir.
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