sexta-feira, 23 de março de 2012

Admirador Secreto: Nota Final

Queridos leitores, Admirador Secreto foi o primeiro livro que escrevi em minha vida. Foi o meu início na arte de escrever, embora aos 13 anos já escrevia meus primeiros versos, foi aos 20 que nasceu a vontade de escrever um livro. Contar uma história com personagens etc e tal. Nunca pensei que iria publicá-lo aqui neste blog. Entretanto todo autor gosta de compartilhar com seus leitores tudo aquilo que escreve. Este ano Admirador Secreto completa doze anos. Há exatos doze anos o escrevi, as ideias contidas neste pequeno livro nada mais é do que a visão de um jovem de 20 anos. Um jovem cheio de sonhos que acreditava que podia mudar o mundo. Já não sou mais aquele jovem que acreditava que tinha poderes para mudar o mundo, mas continuo cheio de sonhos e acreditando que é possível mudar a minha existência e com isso mudar o meu pequeno e importante mundo.
   Neste aniversário de 12 anos divido com vocês a mesma alegria que sinto quando escrevo alguma coisa. O mesmo prazer que sinto desde muito cedo ao escrever, e poder compartilhar com meus leitores.


  

Admirador Secreto. Cap. Final

   No dia seguinte ao chegar em casa foi desabafar com sua mãe. Contou para ela toda a conversa que teve com Beatriz, e perguntou o que ela achava sobre o último acontecimento:
- Olha filho eu acho que ainda não é hora de você desistir ainda não. Foi o primeiro encontro que vocês tiveram, a primeira vez que conversaram. Dificilmente ela iria dizer que quer namorar  , paquerar ou sair como vocês mais jovens falam. Após a conversa com sua mãe, Eros foi dormir pensando no que ela tinha lhe dito. Sua mãe conseguiu deixa-lo intrigado. Resolveu tentar uma última vez, e o fato de ter dado mais esta chance a sí mesmo, deve exclusivamente a conversa que teve com sua mãe.
   Alguns dias se passaram e não entrou em contato com Beatriz, também não a viu mais. Ela simplesmente desaparecera. Andava tão distante no trabalho que sua gerente Antônia, uma morena de 25 anos que tinha por Eros uma amizade muito grande e percebendo que alguma coisa o inquietava se aproximou e perguntou:
- Está acontecendo alguma coisa com você? Você anda tão distante, parece tão longe...
- Você acha?
- Não só acho, tenho certeza.
- Então eu já estou deixando transparecer?
- Há muito tempo venho notando que você está diferente. Não quer desabafar comigo?
- Quero sim, vou lhe contar o que está acontecendo. Ele contou para Antônia toda a história e finalizou dizendo:
- Eu praticamente desisti, porque nunca mais entrei em contato com ela. - Antônia olhou para ele e disse:
- Você lutou tanto por esta mulher e entregou os pontos da forma mais boba.
- Como assim?
- Raciocina comigo. Ela é uma mulher sozinha e tem um filho pra criar. Ela agiu corretamente como qualquer mulher faria se estivesse no lugar dela, pelo menos eu agiria assim. você acha que ela sairia com você na primeira conversa. No mínimo você iria acha-la muito fácil. Mais cedo ou mais tarde você acabaria perdendo o interesse por ela.
- Acho que não Antônia, está tudo tão difícil. Já liguei "milhões de vezes". Ela já me conheceu pessoalmente e disse não, por isso eu nunca mais liguei. Se eu ficar ligando, ela vai achar que estou "pegando no pé dela" e vai me detestar por eu não me tocar, não deixa-la em paz, é assim que eu penso.
- O que estou querendo dizer é que você lutou tanto por ela, e na primeira que vez se encontraram ela disse nao e você desistiu. Ela vai achar que você só queria usa-la.
- Analizando por esse ladovocê tem razão. Será que ainda posso ligar novamente. Faz tempo que não ligo pra ela.
- Claro que pode. Invente uma desculpa qualquer, que o impediu de ligar para esses dias. Invente qualquer coisa, imaginação sei que você tem bastante.
   A conversa com Antônia só veio confirmar ainda mais a conversa que tivera com sua mãe e o deixou mais intrigado. No dia seguinte por volta da manhã ligou para Beatriz, ela não estava em casa, também não se identificou disse que era um amigo. Ligaria novamente a noite na hora de ir para o trabalho. Ligaria do lugar onde a tinha visto pela primeira vez a: A praça.
   A noite assim que chegou a praça foi direto para  orelhão e discou os números do telefone de Beatriz. Assim que atenderam reconheceu a voz dela e disse:
- Beatriz como vai você?
- Estou bem Eros. Levando a vida do jeito que dá, mas estou bem graças a Deus, não posso reclamar.
- Como vai seu filho?
-Está tudo bem com ele graças a Deus. E você está tudo bem?
- Estou bem também não posso reclamar.
- Que bom fico feliz por você.
- Feliz comigo? Por quê?
- Ora, você acabou de me dizer que está tudo bem, isso me deixa feliz. Não gostaria de saber que alguma coisa não está dando certo pra você.
- O que aconteceu que eu nunca mais a vi aqui?
- Discuti com meu patrão e não trabalho mais lá.
- Eu sinto muito.
- Não se preocupe já estou trabalhando.
- Beatriz vou te fazer uma pergunta, que será a última vez que toco nesse assunto. - Respirou fundo e perguntou:
- É possível existir um relacionamento amoroso entre nós?
- É impossível Eros.
- Então vou ter que destruir todo esse amor que sinto por você.
- Não pense em destruir, pense em transformar em amizade, a não ser que você não queira minha amizade.
- É importante cultivar novas amizades, mesmo que essa amizade seja o amor da minha vida.
- Eros não deu certo entre a gente, mas tenho certeza que você vai encontrar uma pessoa que te ame de verdade.
- Obrigado Beatriz. Desejo a você tudo de bom, grandes realizações em sua vida. Lembre-se que tem um amigo aqui. Se precisar de mim é só me procurar, um beijo no fundo do seu coração, tchau.
   Colocou o telefone no gancho. Sabia que tudo havia acabado ali naquela praça, ao lado do ponto de ônibus onde a viu pela primeira vez. Onde toda a história começou e terminou, ele estava ali sozinho com seus pensamentos e no íntimo do seu ser já estava decretado o fim.
   Um mês após conheceu Isabela, uma garota super interessante, caiu em sua vida como um para-quedas. Um belo dia ao voltar da casa de Isabela, caminhava imerso em seus pensamentos:
" Parece brincadeira, mas nem me lembro mais da Beatriz... Quer dizer lembro. Mas não com os sentimentos de antes. Apenas como uma lembrança que passsou em minha vida. Chego a conclusão que o "amor", que sentia por Beatriz, foi uma forte paixão. E a paixão é como o vento que pode ser prazeroso ou devastador como um furacão que destrói uma cidade, após a sua passagem os operários a reconstrói mais linda do que antes ".

domingo, 18 de março de 2012

Admirador Secreto. Cap 8

Vivera um sonho e ao acordar viu que a realidade lhe revelara o oposto. Que não passou de um sonho, um sonho de amor que viveu no seu mundo de fantasias. O golpe tinha sido duro, a ferida estava aberta e durante dias permaneceu entristecido. Durante dias ficou sem vê-la. Ela já não se encontrava mais no ponto de ônibus. Sua mãe percebendo sua tristeza perguntou:
- O que está acontecendo filho?
- Deu tudo errado mãe. - Relatou para ela os últimos acontecimentos dando ênfase a conversa que teve com Beatriz. Assim que terminou sua narrativa ele perguntou:
- Não está tudo perdido?
Olhando bem nos olhos do filho ela disse:
-Não. Não está tudo perdido. Apenas você desistiu cedo demais. Raciocina comigo, ela sabe quem você é através de uma conversa por telefone certo.
- Isso mesmo mãe.
- E que resposta que você queria dela. Você acha que ela ia querer namorar com você sabendo quem é você por telefone. Mesmo que ela quisesse não iria falar no primeiro telefonema. Também não estou dizendo que ela quer alguma coisa, possa ser que ela não queira. Mas da forma como as coisas aconteceramo "não " como resposta era o esperado. Olha filho eu posso te esclarecer algumas coisas, mas só você pode decidir o que é melhor para o seu coração. Converse com ela quando você a ver. seja sincero, abra o seu coração, revele os seus sentimentos, se mesmo assim não der nada certo não se preocupe. você é jovem, tem excelentes qualidades, uma vida inteira pela frente e logo encontrará outra garota. Não se preocupe, isso passa. Agora vou deixá-lo sozinho preciso sair.
   " AH! Mãe, quão grande é a sua experiência e sabedoria. Tão amiga, tão amável. As mães, o que seria de nós pobres mortais sem elas. Essa figura materna que nos conhece tão bem como a palma de suas mãos, ou até melhor do que a palma de suas mãos ".
   Um domingo calmo, noite tranquila e la estava Eros na praça. Tinha ido mais cedo e ficou uns dez metros afastado do ponto de ônibus conversando com um pipoqueiro, velho amigo da família:
- Como vão as coisas Eros?
- Na medida do possível tudo bem seu Lomanto. - Conversavam tranquilamente. Entre uma conversa e outra Eros olhava para o ponto, e notou que tinha algumas pessoas esperando pelo ônibus. Resolveu ficar conversando com o Lomanto tranquilamente, já que o pessoal aguardava o mesmo ônibus que ele. Só iria para o ponto na hora em que o ônibus aparecesse.
- Me deu vontade de tomar um refrigerante. Quer tomar um refrigerante Lomanto?
- Aceito Eros. Daqui a pouco vou guardar o carrinho. Hoje não vendi nada. Pra dizer que não vendi nada, vendi duas pipocas e acabou ficando fiado porque não tinha troco.
- Vou buscar os refrigerantes, já volto.
   Eros começou a caminhar em direção a padaria, olhando na direção das pessoas que estavam no ponto. A medida que se aproximava mais das pessoas que ali estavam, notou que tinha uma pessoa em pé olhando para ele. A sombra que fazia pelo poste mais próximo encobria seu rosto impedindo que ele a identificasse. Quanto mais se aproximava sentia o coração bater mais forte. Quando chegou bem perto pode notar que era beatriz, abaixou a cabeça. Ela rapidamente sentou-se e mudou a direção do seu olhar para a avenida. Ele sentiu calafrios, pensou em voltar, mas logo afastou essa ideia da sua cabeça. Sentiu que essa era a hora de despertar a coragem adormecida em seu peito. Ao passar em frente a Beatriz falou:
- Oi beatriz
- Oi. - Ela se limitou a responder seu cumprimento de uma forma tão gelada e ficou olhando para ele que continuou seu caminho. Chegou a padaria comprou os refrigerantes e na volta atravessou para o outro lado da avenida para não ter que passar em frente a ela novamente. Estava super nervoso e a frieza com que ela respondeu seu cumprimento, fez com que ele recuasse. Passou em frente ao ponto pelo outro lado da avenida. quando estava um pouco mais a frente atravessou de volta. Ao perceber a sua manobra Beatriz caminhou rapidamente em sua direção e o abordou:
- Tem muita fila no caixa da padaria? -Ele percebeu que era apenas um pretexto para puxar uma conversa. Olhou para ela e disse:
- Não tem quase ninguém. Eu sou seu admirador secreto. - Falou gaguejando, com o rubor estampado no rosto que Beatriz chegou a comentar " não precisa ficar vermelho".
- Nossa! Você não parece tão tímido pelo telefone. - Disse Beatriz tentando tranquiliza-lo.
- É verdade, é que eu estava me preparando para esse momento. Nunca imaginei que ele iria acontecer quando eu menos esperava.
- Achei que você não fosse conversar comigo depois do que te disse pelo telefone.
- Imagine se eu vou guardar alguma mágoa da pessoa que amo.
   Eros olhou o relógio faltavam vinte minutos para o ônibus passar. Entregou o refrigerante ao Lomanto e sugeriu a Beatriz que fossem a padaria conversar. O tempo era pouco, mas era a primeira vez que estavam frente à frente ( ela sabendo a sua verdaeira identidade ).
   Chegaram à padaria, ele perguntou se Beatriz queria alguma coisa. Ela disse que sim e por sugestão dela, ele pediu um bauru e um refrigerante. Sentaram e ficaram alguns minutos em silêncio. Eros estava pensativo com as mãos trêmulas, fazia esforço para falar mas a voz não saia. Beatriz percebeu e quebrou o silêncio dizendo:
- Eros pode falar a vontade. Diga tudo o que você estiver afim, sou toda ouvidos. Com muita dificuldade Eros começou a falar:
- Você sabe o que eu sinto por você, eu disse por telefone. Mas agora vou dizer pessoalmente, olhando bem nos seus olhos. O que sinto por você é um sentimento muito forte. É a vontade de estar sempre ao seu lado, de dividir com você com todos os momentos da minha vida. Você despertou em mim sentimentos que pensei não sentir tão cedo e com muita intensidade.
- O que você viu em mim que despertou tanto interesse?
- Eu vi em você qualidades que se encaixam com o que idealizo em uma mulher. Você é uma mulher que luta pela vida. Está criando o seu filho sozinha, uma mulher guerreira. Busco uma mulher assim como você. Acho você um pedaço de mim que estava perdido no mundo eu a desejo muito. - Quando terminou de falar, Beatriz que terminara de comer e ouvira minuciosamente o que Eros dissera começou a falar:
- Eros é como eu já te disse, no momento pretendo ficar sozinha. É muito bonito o que você sente por mim, mas eu não tenho direito de brincar com os seus sentimentos. Você que é essa pessoa maravilhosa, tão especial, com sentimentos tão verdadeiros. Vamos para o ponto?
- Vamos senão podemos perder nosso ônibus. - Eros respondeu sem deixar transparecer toda a tristeza que estava sentindo.
   Pegaram o ônibus e foram conversando até o local onde ele desceu e foi para o trabalho. Naquela noite, trabalhou pensando em tudo que vivera. Pensou desde o primeiro dia que a conheceu até pouco tempo atrás. Não queria acreditar no que estava acontecendo. Tinha idealizado demais este amor para que desse errado. Viveu intensamente essa paixão nos seus sonhos, nas suas divagações.

  

sexta-feira, 16 de março de 2012

Paixão, Razão E Amor.

   Domingo passado assisti há uma entrevista do psquiatra Luis Alberto Py no programa Conexão com o jornalista Roberto D`Avila. No programa o médico falou das dificuldades que temos em lidar com as perdas. Que a perda da pessoa amada é a pior perda para o ser humano. Falou da relação entre paixão, razão e amor. Três coisas distintas, e ao mesmo tempo intimamente ligadas. Fiquei meditando nas sábias palavras do psiquiatra que disse que a " a paixão é o motor do barco e a razão é o leme ", ou seja um barco sem motor não vai a lugar nenhum, entretanto um barco sem leme fica dando voltas em qualquer direção sem nenhum sentido. Em relação a perda amorosa, o renomado médico disse algo muito interessante, porque é difícil lidar com o fim do relacionamento. Quando o parceiro pede o fim do relacionamento, ele tá dizendo que você não serve pra ele. "Puxa! Como é difícil, a pessoa que até pouco tempo vivíamos felizes, me disse que eu não sirvo mais pra ela". Mas felizmente tudo isso passa, no início acreditamos que não vai passar, que o sofrimento é grande demais, mas felizmente um dia passa e a vida continua.
   Pensando cá com "meus botões", a paixão é realmente algo que nos deixa fora da realidade, é a loucura que aos nossos olhos se torna algo mais que natural. É a doença inicial e necessária em tudo que nos dispomos a fazer, que queremos realizar. Necessitamos de paixão em nossos vidas, deveríamos ter paixão em tudo que fazemos. Mas não se pode viver só de paixão, concordo plenamente com o que disse o médico. É nesse ponto que entra a razão. Ela que muitas vezes é contrária ao que a paixão nos diz. É a limitadora de nossos desejos, nossos impulsos. É o equilíbrio, o leme que conduz o barco na direção correta, ou que dá ao barco uma direção.
   Se vivessemos só de paixão enlouqueceríamos, a paixão é algo devastador que deve ser vivido temporariamente. Particularmente acredito que ninguém sobreviveria, se vivesse só de paixões. Até porque a natureza deste sentimento é a transitoriedade. E quando ela acaba, a razão age como o mediador, e mesmo antes dela acabar a razão dar os seus sinais, cabe a cada um de nós ouvir a voz da razão, o que se tratando de estar apaixonado é quase impossível. Se conseguirmos um equilíbrio entre a paixão e a razão, estaremos em uma condição perfeita para enfrentar os nossos dilemas, o que é difícil, mas não impossível.
   E o amor onde está nesta história toda? Acredito que o amor é realmente o ponto mais crucial disto tudo. O amor seria a consolidação da paixão. Um sentimento que é naturalmente a próxima estação, ou a estação final da paixão. Mas nem sempre uma paixão se transforma em amor, nem sempre a razão permite que isto aconteça, mas uma vez que o amor nasce, uma vez que esta fusão de sentimentos acontece, tudo se torna claro, se encaixa. Quando se ama a paixão e razão fazem sentido. E só somos verdadeiramente felizes, plenamente realizados quando amamos. Afinal quando dizemos que queremos ser felizes em nenhum momento descartamos o amor.


domingo, 11 de março de 2012

Admirador Secreto. Cap. 7

   Eros tomou um banho, se arrumou e foi para o trabalho. Procurava concentrar toda a energia no momento em que estava vivendo. Sorria para sí mesmo, sentia-se nas nuvens fazendo parte delas, contemplando a beleza das estrelas.
   Alguns dias se passaram, Eros conduzia a sua vida normalmente, trabalho, casa e vice versa. E com muita ansiedade tentando se preparar para o grande momento. Até que um dia não aguentou mais esperar pela recuperação do filho de Beatriz, pegou o telefone e ligou para ela. Estava nervoso e já não aguentava mais esperar. Tinha que ser aquela hora ou nunca mais. Seu coração já dava sinais que não suportaria mais um minuto. Foi quando ouviu a voz dela atendendo o telefone:
- Alô. - ele ficou em silêncio com a respiração ofegante.
- Alô. - Falou novamente Beatriz.
- Alô Beatriz é você. - Respondeu quase num relâmpago.
- Sim sou eu. É você Carlos.
-Sou eu Beatriz.
- Carlos aconteceu alguma coisa com você? Sua voz está diferente parece nervoso.
- Estou nervoso porque decidi te falar toda a verdade por telefone. Não aguento mais esperar. Você tem tempo para me ouvir é uma história longa.
- Claro é o que eu mais quero, te ouvir, saber quem você é. - Ele começou a falar quase "espremendo" as palavras para que elas saíssem de sua boca.
- Você já me conhece, sabe quem eu sou, me vê quase sempre e o meu nome não é Carlos é Eros.
- Assim não vale Eros você está me mandando uma charada, não tenho a menor ideia.
- Eu moro no mesmo bairro onde você trabalha.
Então você mora aí, trabalho há pouco tempo aí, conhecí poucas pessoas não sei quem você é.
- Você conversou uma vez comigo no ônibus lembra?
- Não me lembro não.
- Vou ser mais claro e objetivo. Sou aquele rapaz que pega ônibus com você quase todos os dias no ponto da praça que desce no proximo bairro. Uma vez eu te dei um vale transporte lembra?
- Ah! Agora me lembro, eu não iria descobrir nunca que era você. Todo esse tempo você ali do meu lado e eu nem me toquei.
- Por quê? A notícia te deixou tão mal assim?
- Não é que no início cheguei a pensar que era você, mas você disfarçou tão bem que eu descartei essa possibilidade.
- Como vai seu filho? Perguntou tentando controlar o nervosismo.
- Graças a Deus se recuperou. - Ele começou a conversar com Beatriz como se não tivesse nada a revelar a ela. Mudou de assunto, mas precisava fazer-lhe aquela pergunta que já tinha formulado em sua mente. E a medida que o tempo passava mais aumentava o seu nervosismo. Reunindo todas as forças perguntou:
- Beatriz, será que posso alimentar alguma esperança em relação a nós dois?
Antes que ela respondesse, Eros percebeu que ela respirava um pouco ofegante. Em suas mãos estava o amor ou a desilusão, a felicidade ou a tristeza de um homem.
- Eros espero que você entenda bem a minha situação no momento. Você é um rapaz bonito, é interessante, só que o problema é comigo. No momento eu não pretendo me envolver com ninguém. Você é uma pessoa adorável, mas no momento pretendo dar um tempo a mim mesma. Mas quando você me ver você vai falar comigo não vai?
- Claro que sim, uma coisa não tem nada a ver com a outra. O fato de não ter acontecido nada entre a gente, não impede que possamos ter uma amizade.
- Está bem, quando estiver aí vamos conversar.
- Então fica assim, um beijo até a próxima.
- Outro tchau.
O fim desta conversa para Eros foi um momento difícil de encarar. A tristeza se abatia sobre ele juntamente com o sentimento de perda. Sentimental como era, sonhador demais, idealizou demais esse amor. vivênciou esse amor em seu "mundo", como se fosse realidade.