quarta-feira, 30 de julho de 2014

Cada Escolha Uma renúncia ( Mas Prefiro As Reticências Em Vez De Um Ponto Final ...) Parte 1

Há um ano nesta mesma data eu já tinha tomado uma decisão que mudaria para sempre a minha existência. À partir daquele momento minha vida sofreria uma grande reviravolta, pois sabia que mesmo que voltasse atrás não seria mais a mesma pessoa... E é por isso que eu prefiro as reticências, gosto da possibilidade de deixar o caminho e retomar ele novamente. Gosto de deixar uma ideia ou um pensamento que não tem fim e que pode ser retomado, ou não. Não me agrada a ideia de as coisas terem fim e ainda mais os caminhos que escolhi para trilhar. Desde criança gosto da arte em todas as suas formas e expressões...Aos 12 subi no palco pela primeira vez em São Sebastião- SP em uma escola estadual no bairro Canto do Mar. Era para declamar uma poesia sobre a ECO 92, Meu Deus como o tempo passa! Ali eu me encantei pela primeira vez com o palco e a possibilidade de passar uma mensagem para o público. Em minha adolescência comecei a brincar de escrever...Passava as tardes em minha casa escrevendo coisas do meu cotidiano escolar... Lembro que aos 13 anos nominei um caderno de FMI (Fruto da Minha Imaginação rs) onde escrevia tudo que a minha mente produzia, no momento em que escrevia me imaginava o compositor, o poeta, e quem sabe indiretamente um escritor... Ano passado tomei a decisão de sair de São Sebastião e vir morar no Rio de Janeiro em busca de um sonho antigo que estava adormecido e como um vulcão que entrou em erupção o sonho de se ator pulsava em meu coração e  tornava a minha alma faminta dessa realização. Tinha meu emprego, ganhava um dinheiro razoável, e morava com a minha mãe e meus irmãos, meus grandes amigos... E ainda tinha a namorada, a mulher por quem eu me apaixonara e que me fazia sonhar com uma vida ao seu lado... Que simplesmente ouvir a sua voz e a sua companhia me faziam sonhar e querer ser um homem melhor a cada dia... Deixar tudo isso para trás foi  uma das decisões mais difíceis da minha vida. Era uma decisão arriscada vir morar em uma cidade grande sem ter nenhum conhecido e sem ter a menor noção de como era a vida nesta cidade. Contando apenas com a minha poupança fruto de um ano de trabalho árduo em três empregos e juntando centavo por centavo. Eu tinha me dado um ultimato ou eu sairia naquele momento ou não sairia nunca mais. E confesso que travei um conflito interior muito grande, afinal sair da zona de conforto não é fácil para ninguém. Estava trocando a minha segurança, a minha estabilidade financeira por uma aventura que eu não sabia aonde ia dar. Afinal ser um artista e ainda conseguir sobreviver da arte não é uma das tarefas mais fáceis neste país, onde a arte e a cultura não é muito valorizada. Me perguntei diversas vezes se valeria a pena investir minhas economias em um sonho que provavelmente não me traria um retorno financeiro, mas que me faria muito feliz. E cada vez que respondia esta pergunta a mim mesmo com um sim meu coração se enchia de alegria e me dava a certeza de que estava no caminho certo... uma semana antes minha mala já estava pronta, e eu praticamente não conseguia dormir direito. Foi a semana mais longa e mais difícil da minha vida e cada segundo era precioso ao lado das pessoas que amo. E apesar de estar feliz por finalmente ter a coragem de pagar o preço do meu sonho, uma tristeza me invadia porque sabia que estava me separando deles, e que não os veria mais com a mesma frequência, estava cortando o cordão umbilical e depois de certa idade torna-se mais difícil ainda. Recebi muitas mensagens nas redes sociais, muitas manifestações de carinho de ex colegas de trabalho, alunos, muita gente me desejando bons fluídos nesta minha nova caminhada. Último dia de trabalho na escola em que lecionei por alguns anos, os colegas fizeram um bolo e me emocionaram muito com o carinho que jamais esquecerei e como sou chorão, chorei demais... No meu bairro os amigos fizeram um churrasco e me emocionei muito também. No dia de ir embora da minha casa e do seio da minha família pensei em desistir, sou muito ligado a minha família e naquele momento meu coração estava em pedaços. Quando despedi de minha mãe foi muito doloroso estava aos prantos e minha garganta dera um nó. Meu irmão e meu tio me levaram de carro até a rodoviária, mas antes passei no emprego dos meus outros dois irmãos e foi aquele choro, meu irmão caçula que não é de demonstrar muito as suas emoções chorou muito quando nos abraçamos, e um outro carro com outros amigos foram atrás. No centro da cidade ainda encontraríamos uma outra grande amiga que me despediria e a mulher que amava. Ficamos batendo papo até chegar a hora do embarque, minha namorada na época não se desgrudava de mim e nem eu dela curtíamos cada segundo, chegou a hora da despedida daqueles últimos amigos que ficaram comigo até o momento de minha partida, mais lágrimas, e uma jura de amor eterno do casal que se amava. Tinha vividos emoções demais nas últimas 24 horas...

  

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Os 40 Anos Do Lineu





Ontem por acaso a TV estava ligada em minha frente e estava passando A Grande Família. E o episódio hoje era sobre os 40 anos de casado do Lineu e Nenê Personagens interpretados pelos atores Marco Nanini e Marieta Severo. Não assisti o episódio, mas ele foi um insight para que eu pensasse sobre o assunto. Como na ficção todos nós sonhamos encontrar alguém que possamos permanecer tanto tempo juntos, sem deixar que a centelha mágica que move nossos corações se apague; Acordar todas as manhãs e ter a certeza da escolha que fizera;  Os 40 anos da ficção também são os 40, 50 na realidade de muita gente e de pouca gente ao mesmo tempo. Nossas escolhas muitas vezes transformam “os 40” na doce utopia que brinca com nosso imaginário. Todos nós sonhamos encontrar alguém que nos faça perder o fôlego e encontra a vida. Uma mão amiga e um coração quente para seguir pelos labirintos que a vida nos conduz. Encontrar alguém que nos faça sentir orgulho de escrever as mais belas páginas de nossas vidas. Sabedoria para enfrentar as tormentas e companheirismo quando mais precisamos. Uma mão, um coração, uma vida, um destino e um sentido... Um coração, um oceano e um plano que se completa quando uma alma aquece a outra. Que a cada janeiro espelhos possam refletir nossas imagens envelhecidas pelo tempo, e que até mesmo o tempo que é senhor de si mesmo possa se render “aos 40”. Também sonho encontrar alguém assim que me faça ver em seus olhos os 40 em um, e um em quarenta. Que nossos caminhos se cruzem em direção ao oceano que é infinito, e que nenhuma explicação possa ser suficiente, apenas exista na sua complexidade simples.    



sexta-feira, 11 de julho de 2014

Tolerância Abaixo De Zero

Era noite comecinho dela, por volta das 19 horas decidi entrar em um supermercado em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. Comprei poucas coisas afinal estava com pressa e era para o meu jantar naquele dia, quem mora sozinho e gosta de cozinhar sabe o que estou falando.  Minhas compras totalizaram 08 volumes porque decidi pegar três embalagens de suco em pó pequeno. Esperei na fila onde lia-se na placa ao alto: Caixa rápido 05 volumes, entretanto decidi continuar ali porque sei que se passa uma quantidade ínfima de volumes como era o meu caso passava. Pelo menos já vi isso acontecer. Quando chegou a minha vez a moça que operava o caixa olhou em meus olhos disse:
- O senhor sabe o que é um caixa de 05 volumes? – Ela falou em um tom tão grosseiro que cheguei a perder a linha e respondi:
- Sei. Por isso não. – retirei os três pacotes de suco em pó que compunham o excedente de meus produtos. - Mas ainda tive tempo de me recompor e devolvi a indagação dela com outra, embora fui educado:
- Você está estressada? – Ela olhou-me por uns segundos que pareceu demorar horas e disse “não” já com uma cara de quem não esperava, me pareceu um misto de raiva e ao mesmo tempo “sem graça” pela pergunta. Foi a impressão que tive pode ser que esteja enganado e ela só tenha sentido raiva mesmo (RS). Passado este episódio na mesma semana  na hora do almoço em Ipanema estava na fila de um restaurante que costumo almoçar lá as vezes. E a garçonete se aproximou e educadamente tira o meu pedido. No momento em que ela estava anotando na comanda decidi mudar de ideia, pedi desculpas pra ela e fiz outro pedido. E ela rasga aquela folha da comanda com violência e me olha com “ cara feia “. Outro dia fui comprar um lanche para a "chefa" e paguei primeiro porque tinha que resolver outra coisa em outro lugar e pegaria depois na volta. Quando cheguei já estava embalado e pronto era só eu pegar e levar. Entretanto quando pedi a nota ao atendente ele bufou antes de me entregar. Diria que eu estava sem sorte mês passado, mas não infelizmente o índice de tolerância das pessoas anda abaixo de zero.  Palavras como com licença, por favor, e obrigado andam meio extintas hoje em dia. Passar com cuidado ao lado de um velhinho na calçada é luxo, até porque ele está atrapalhando você que está atrasado, ou que gosta de andar rápido, daí você passa por ele quase o derrubando, afinal ele devia ficar em casa e não sair nas ruas não é mesmo?
Nos caixas lotados dos supermercados vejo qualquer erro que seja por parte do caixa ou alguém que atrase a fila logo ouvem-se impropérios para a pessoa que cometera tal “desatino” nos ônibus, nos metrôs cada um considera seu tempo o mais importante de todos e assim vamos vivendo num nível de tolerância abaixo de zero, onde o meu tempo e o meu interesse está acima de todos. O dia-a-dia, a correria dos grandes centros não pode ser usado como desculpas para nos tornamos cada dia mais intolerantes com nossos semelhantes.A cada dia perde-se a capacidade de usar a empatia. Temo por uma humanidade assim, embora ainda acredito no ser humano. Como diria Ghandi “Olho Por Olho E O Mundo Acabará Cego”