sexta-feira, 11 de julho de 2014

Tolerância Abaixo De Zero

Era noite comecinho dela, por volta das 19 horas decidi entrar em um supermercado em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. Comprei poucas coisas afinal estava com pressa e era para o meu jantar naquele dia, quem mora sozinho e gosta de cozinhar sabe o que estou falando.  Minhas compras totalizaram 08 volumes porque decidi pegar três embalagens de suco em pó pequeno. Esperei na fila onde lia-se na placa ao alto: Caixa rápido 05 volumes, entretanto decidi continuar ali porque sei que se passa uma quantidade ínfima de volumes como era o meu caso passava. Pelo menos já vi isso acontecer. Quando chegou a minha vez a moça que operava o caixa olhou em meus olhos disse:
- O senhor sabe o que é um caixa de 05 volumes? – Ela falou em um tom tão grosseiro que cheguei a perder a linha e respondi:
- Sei. Por isso não. – retirei os três pacotes de suco em pó que compunham o excedente de meus produtos. - Mas ainda tive tempo de me recompor e devolvi a indagação dela com outra, embora fui educado:
- Você está estressada? – Ela olhou-me por uns segundos que pareceu demorar horas e disse “não” já com uma cara de quem não esperava, me pareceu um misto de raiva e ao mesmo tempo “sem graça” pela pergunta. Foi a impressão que tive pode ser que esteja enganado e ela só tenha sentido raiva mesmo (RS). Passado este episódio na mesma semana  na hora do almoço em Ipanema estava na fila de um restaurante que costumo almoçar lá as vezes. E a garçonete se aproximou e educadamente tira o meu pedido. No momento em que ela estava anotando na comanda decidi mudar de ideia, pedi desculpas pra ela e fiz outro pedido. E ela rasga aquela folha da comanda com violência e me olha com “ cara feia “. Outro dia fui comprar um lanche para a "chefa" e paguei primeiro porque tinha que resolver outra coisa em outro lugar e pegaria depois na volta. Quando cheguei já estava embalado e pronto era só eu pegar e levar. Entretanto quando pedi a nota ao atendente ele bufou antes de me entregar. Diria que eu estava sem sorte mês passado, mas não infelizmente o índice de tolerância das pessoas anda abaixo de zero.  Palavras como com licença, por favor, e obrigado andam meio extintas hoje em dia. Passar com cuidado ao lado de um velhinho na calçada é luxo, até porque ele está atrapalhando você que está atrasado, ou que gosta de andar rápido, daí você passa por ele quase o derrubando, afinal ele devia ficar em casa e não sair nas ruas não é mesmo?
Nos caixas lotados dos supermercados vejo qualquer erro que seja por parte do caixa ou alguém que atrase a fila logo ouvem-se impropérios para a pessoa que cometera tal “desatino” nos ônibus, nos metrôs cada um considera seu tempo o mais importante de todos e assim vamos vivendo num nível de tolerância abaixo de zero, onde o meu tempo e o meu interesse está acima de todos. O dia-a-dia, a correria dos grandes centros não pode ser usado como desculpas para nos tornamos cada dia mais intolerantes com nossos semelhantes.A cada dia perde-se a capacidade de usar a empatia. Temo por uma humanidade assim, embora ainda acredito no ser humano. Como diria Ghandi “Olho Por Olho E O Mundo Acabará Cego”




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