Desde que se entendera por gente ele prefere que o chamem de lindo. Não que ele seja do “tipo que se acha querido leitor”. Mas seu nome... Bem seu nome é um capítulo a parte, não é tão comum e nem eu que sou seu melhor amigo me arrisco a dizer agora. Quando criança logo no início de sua vida escolar, os apelidos e as pilhérias eram comuns, e não há quem escape dos apelidos na época escolar, embora nunca tive muitos, colecionei alguns. Quando ia ao consultório médico ligava antes para esclarecer o imbróglio.
- Pode entrar Sr. Lindo. – A gentil recepcionista anunciava, com um pequeno riso contido. Afinal ela sabia o seu nome completo. E os presentes também ficavam espantados afinal não é sempre que conhecemos alguém com o nome de Lindo.
Os vendedores, sempre eles com suas pranchetas fazendo cadastros e a primeira pergunta naturalmente começava pelo nome. Pronto era sempre um terror para nosso bravo herói que muitas vezes causava um pequeno acesso de riso somente por pronunciar Lindo, ou até mesmo confusão, “não entendi senhor o que é lindo mesmo”? E ele dava aquela soprada com a boca, contava até dez e dizia: Meu nome.
Um belo dia o inesperado acontece, Lindo não ficou muito tempo na escola, ele não aguentou muito tempo aquela vida de ter seu nome chamado pelas professoras na hora da chamada. E depois ele não gostava muito de escola mesmo. Mas o inesperado sempre acontece, Astolfo estudou com ele nos primeiros anos de escola, e se mudara com a família para Fortaleza, entretanto em um belo dia ele encara para aquele homenzarrão no aeroporto, pensa muito... Sua mente volta em um determinado período e Bum. Como uma explosão ele se recorda a emoção é tanta de reencontrar um colega de escola que nem se deu conta de que está em um aeroporto cheio de pessoas:
- Girolindooooo! – Grita entusiasmado, e caminha em direção ao homem, que ficara vermelho e o “fogo subia pelas ventas”. – Girolindo Giroldo! – E cada vez mais se aproximava e o pobre Girolindo com o rosto virado, como se não fosse com ele.
-Aqui Girolindoooooo.....Olha pra cá, sou eu Astolfo lembra? Estudamos juntos em Quixeramobim. – A esta altura muitas das pessoas ali presentes já não se continham e começaram a dar risadas, o que só aumentava a raiva em Girolindo.
- Acho que ele deve tá falando com o senhor. – Disse a mulher sentada ao lado com o sorriso contido.
- Olha aqui meu senhor eu nunca o vi em minha e tampouco me chamo Giro... O quê? – Disse enfurecido se recusando a pegar na mão de seu colega de infância Astolfo.
- Mas é claro que é você Girolindo. Não se faça de rogado. Uma pessoa como você não se esquece facilmente. - Na verdade ele queria dizer que um nome como este é inesquecível. Pronto a confusão estava Armada, foi uma quizumba daquelas e só não deu brigas por causa da “turma do deixa disso”. Passado o episódio do aeroporto Girolindo prometeu que quando casasse e tivesse filhos escolheria um nome mais adequado ao futuro rebento. E anos após aquele episódio nascera o seu primogênito, e todo orgulhoso com o nome na mente lá vai Girolindo registrar a criança.
- Qual o nome do bebê? Perguntou o funcionário do cartório.
- É Lionardo. – Disse Girolindo todo orgulhoso.
- Elionardo. - Registrou o funcionário do cartório.
O pequeno Elionardo cresceu, casou e após registrar o primeiro filho ligou para o pai e disse:
- O velho desta vez eu acertei. O nome do seu neto é Leonardo.