sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Que A Paz Esteja Convosco Meu Amigo. ( Por quê Dói Tanto? )

   O príncipe Hassan encontrou na Princesa Alisha a grande razão para viver. É sempre muito perigoso encontrar em alguém a razão para viver... Mas não é fácil dizer isto ao príncipe Hassan. Ele é intenso demais para não se permitir se jogar de cabeça... A princesa Alisha a princípio estava um tanto arredia ao amor que batia em sua porta. As suas experiências anteriores não tinha sido das melhores, e nem tampouco as do príncipe que anseiava encontrar alguém que pudesse ser a sua "outra parte que estava perdida no mundo".
  Começaram a namorar e a cada dia ambos se completavam e o príncipe que já admirava a bela jovem mesmo antes do namoro estava radiante...Uma vez ele me disse:
- Sabe Oleg eu me sinto o homem mais feliz do mundo quando estou ao lado de Alisha. Quando estou com ela é como se o mundo fosse pefeito, como se fosse não! O meu mundo torna-se perfeito quando estou com ela. Sinto paz e uma imensa vontade de ser melhor a cada dia, sim Alisha me faz querer ser a cada dia um homem melhor...Quando estamos juntos não me falta mais nada, o meu mundo se completa. Estou muito feliz Oleg, não posso pedir mais nada ao criador.
   Confesso que invejei o príncipe naquele momento, porque das poucas vezes que me senti assim como um menino. Acho que é assim que nos sentimos quando amamos, uma "criança adulta". Quando acreditei que não precisa pedir mais nada ao criador tudo desmorou de uma forma que até hoje "não sei porquê".
   Sim o príncipe "sorria ao vento", qualquer pessoa que o visse percebia que aquele homem transbordava uma alegria, uma forma de enxergar a vida. Que só tinha uma explicação. O amor da princesa Alisha. Quando a princesa disse pela primeira vez que o amava, Hasan me contou que já se passava um tempo juntos e que a princesa com toda sua sinceridade dissera que ainda não estava preparada para dizer EU TE AMO novamente, pois ainda gostava do ex. Entretanto o grande dia chegara, e ela dissera ao príncipe que o amava, e que estava muito feliz. E o agradecera por não ter desistido do casal, por ter lutado por eles. E que a cada dia ela estava mais feliz... Para Hasan foi a melhor notícia que deveria ter acontecido. Era notório em todo o reino que ele nunca tivera tão feliz, "tão nas nuvens" quanto naquele momento. Qualquer cidadão no reino sabia o motivo daquela felicidade: Princesa Alisha.
   Hasan era um homem intenso, verdadeiro e que não tinha perdido a fé no amor, nas pessoas, e a esperança de que aonde existia amor verdadeiro qualquer barreira pudesse ser superada. Mas existem barreiras que nem mesmo o amor é capaz de superar. Como a barreira religiosa por exemplo. E entre Hasan e Alisha existia uma barreira religiosa, ambos eram de religiões diferentes, e tinham formas diferentes de adorar um mesmo Deus.
   Com o tempo pertencer a mesma religião de Alisha passou a ser uma condição para a manutenção da relação para Hasan. Que mesmo com certa resistência passou a considerar a ideia, em nome do amor que sentia por Alisha. Com tempo surgiram algumas brigas o que é normal, mas para Alisha não era. E assim o mesmo amor que ela dissera sentir um dia, disse já não sentir no outro e que a principal barreira entre os dois era a questão religiosa. E dissera a Hasan que o fim seria a melhor saída. Pobre Hasan lutou até as suas últimas forças se esgotarem para não permitir que o seu grande amor fosse embora. Que a sua razão de viver escapasse das suas mãos...
   E foi assim que todo o reino e eu vimos um homem perder a fé no amor, nas pessoas e na vida. Pobre Hasan ele "suicidou-se", mas não tirando a sua própria vida. O suicidio aconteceu no seu âmago...Onde está aquele homem que sorri como se estivesse iluminado por um sentimento inexplicável, que enxergava a vida sempre pelo seu lado positivo, que tinha fé nas pessoas, na vida e que jamais imaginou que a pessoa que dissera que o amara, e que estava feliz, ia dizer o contrário tão rápido...Ele desceu ao "vale das Sombras", ao" fundo do poço". Fazia pena ver a tristeza do prícipe, a falta de vontade de viver...Ele caiu numa tristeza profunda...E a sua vida não fazia o menor sentido, ele ficou perdido sem rumo... Hoje passado algum tempo ele tenta reconstruir a sua vida, mas nem de longe ele se parece com o homem que já foi um dia.
   Ontem ele me procurou e me fez as seguintes perguntas:
- Por quê é que dói tanto? Por quê é que depois de tanto tempo ainda sonho com ela? Por quê ainda tenho esperanças de que ela possa reconhecer o meu valor e voltar? Por quê quando a vejo meus olhos ainda se enchem de lágrimas e rogo ao criador uma oportunidade. Às vezes penso que estou enlouquecendo. Quando a vejo sinto uma tristeza angustiante e uma vontade de voltar no tempo... Por quê dói tanto.....? Por quê acreditei tanto que era amado?
   Não soube e não sei o que responder ao príncipe. E tampouco sei o porquê. Cada ser humano tem os seus próprios percalços, cada um de nós tem a sua própria caixa de Pândora. Talvez algum dia o príncipe Hasan volte a ser o que era, talvez nunca mais... Mas se a pessoa que amo não se vê em mim e tampouco eu na pessoa só sei que de nada vale a pena este amor...Mas quando sabemos o que vale e o que não vale a pena neste campo? E a pergunta do príncipe continua martelando em minha mémoria...Por quê dói tanto depois de tanto tempo? E por quê ele não conseguiu até hoje seguir em frente? Na minha humilde conclusão só posso crer que as maiores tristezas humanas estão relacionadas a desilusão amorosa para aqueles que acreditam no amor e são pessoas intensas...
 


sábado, 19 de setembro de 2015

Minha Inocência Perdida. ( Aonde está ? )

   Sempre achei que o que mais vale nas relações humanas são as pessoas... Sempre acreditei que um ser humano tinha valor pela sua essência...Independente de sua cor, raça, credo e etc. Alguém tem valor pelo que é, pela coerência de suas atitudes, respeito aos outros e a sí mesmo. Alguns dias conversando com dois amigos que são um pouco mais velhos que eu, fiquei chocado com a declaração de um deles. Que o que descobri agora, ele descobriu quando tinha dezessete anos! Quando paro para pensar nesta declaração vejo o quanto fui inocente e que a perca dela me faz enxergar um lado sombrio e triste da vida.
   Lamento por ter sido tão ingênuo durante tanto tempo, agora já não posso mais voltar atrás e recuperar a inocência perdida. Um tanto pior pra mim pois perder a inocência é de certa forma ruim, entretanto me faz não só enxergar a realidade nua e crua, me faz aceitá-la o que é ainda pior. Sim ele está coberto de razão. No mundo em que vivemos e que sempre foi assim, apenas eu demorei a enxergar, ou melhor eu enxergava mas me recusava a acreditar. "Você vale o que você tem", nossa nem me reconheço falando assim, mas tenho que admitir que os valores são inversos ao que pensava.
   E agora?  Pra onde foi aquela inocência que acredita nas pessoas e nos dons que elas tem? Onde está o meu eu que acreditava na capacidade humana de ser empático. Creio que eu realmente vivia em um mundo à parte que de certa forma fez com que eu cultivasse o melhor em mim durante tantos anos: A fé nas pessoas e a esperança de um mundo melhor e mais justo ( balelas de um ex sonhador que parecia não ter cura ).
   Pois é a cura chegou... Já não sou mais o mesmo menino que sonhava com o futuro... FUTURO! Ele é sempre tão distante e tão próximo ao mesmo tempo que faz com que eu me perca até no presente. Nem tampouco o jovem que fui querendo "transformar o mundo", apenas o homem que tenta sobreviver ao sistema e acredita que o ser humano "vale o que tem" com um sabor amargo na alma.
   Aprendi que devo viver ilhado em meus próprios problemas e nem sequer olhar para os lados. Que eu sempre terei que pensar em mim e agir por mim em primeiro lugar. Numa eterna competição onde o primeiro é o que importa, ele sempre será visto e lembrado. Amor, amizade, carinho, respeito e lealdade não significam muito num mundo que prega a corrida desenfreada pelo consumo e capital selvagem.
   Sim acho que agora eu "cresci", perdi a porção ingênua no homem barbado...Estou de luto por um ser que deixou de existir, e que deixará muitas saudades...O doce amor da mulher amada custou um punhado de dólares ( e ele está ALTO no mercado ). Preciso correr para não perder a chance de comprar as ações que me darão passaporte para mostrar o meu valor. Preciso ser bem sucedido, e sinônimo de sucesso é dinheiro no bolso! Só assim serei amado, respeitado e terei o meu valor!
   No fim destas linhas sei que não posso me permitir esse pessimismo total. Pois sei que há um número considerável de pessoas que lutam para transformar a vida de pessoas, que não acreditam no valor que a conta bancária dá. Elas são quase imperceptíveis, mas se reparar bem elas estão lá sorrindo verdadeiramente, com os braços abertos e sempre dispostos a transformar, multiplicar, unir e se modificarem a partir do contato com o outro, que se permitem serem transformados também.
   Embora otimista e esperançoso num nível bem menor essas pessoas me faz crer que nem tudo está perdido. Deixo um sorriso escapar de meus lábios e sinto uma ponta de esperança muito pequena e lamento profundamente a inocência perdida.