Senti-me
entediado com a situação que vinha enfrentando pra ser sincero cheguei a dizer
que estava um pouco infeliz... Cheguei a dizer que estava um tanto infeliz... Mas
que bobagem... Acabei dizendo logo em seguida... Pessoas infelizes têm fortes
tendências suicidas o que não era o meu caso.
Acredito que não estou atravessando um dos melhores momentos de minha
vida. O que apenas evidencia a minha
condição humana. Mas algo me incomodava profundamente , eu sabia exatamente o
que me incomodava, aborrecia. E me sentia impotente perante toda a situação que
se desenhava ao meu redor. Infeliz não era o termo certo, mas triste,
aborrecido sim. Afinal a nuvem cinza que começava a pairar sobre minha cabeça,
estava tomando proporções gigantescas. Quando a mente acredita, a alma chora, o
corpo e o coração padecem. E a sensação de que dias melhores virão simplesmente
desaparece... E tudo o que vemos, sentimos é cinza. A realidade é cinza nas
manhãs de verão, nas tardes de outono, nos sóis das primaveras ou nas noites de
inverno... Parecia que estava prestes a sucumbir... Desistir de lutar por
aquilo que acreditava ser o meu objetivo... Ou o que carinhosamente chamamos de
“sonhos”... Naquele exato dia decidir fazer uma coisa, que eu costumava fazer,
mas há um bom tempo não fazia. Naquele dia por sugestão da Anna cheguei em casa
e substitui a roupa de trabalho por um calção, uma camiseta e chinelos, não
levei celular e nada que pudesse interromper aquele momento. Era quase 22
horas, e decidi caminhar nas areias da praia de Copacabana. A lua dispensava os
refletores que iluminavam toda a praia. A primeira sensação agradável que senti
foi quando segurei o chinelo na mão e pisei na areia... Comecei a caminhar.... Caminhar....
Sentindo as areias acariciarem meus pés... As montanhas a minha volta, a linha
do horizonte. Cada vez que olhava e admirava a paisagem ao meu redor sentia- me
leve, esvaziava e recarregava sentimentos, energias. Inspirava a leve brisa,
entretanto não enchia apenas os meus pulmões, mas a minha alma de esperança. A
voz das ondas num incessante vai e vem harmônico. Comunicava com minha alma que
tudo tem o tempo certo, que elas precisavam daquele movimento para ser harmônicas.
Sendo regidas pelas leis da natureza, e mesmo a natureza quando se revolta
necessita de harmonia para expressar sua fúria. Naquela noite conversava comigo
mesmo e com a mãe natureza. A centelha mágica da criação divina. Enquanto
caminhava me senti tão bem fazendo parte da natureza. Saber que coisas tão
simples como uma caminhada na praia, um pequeno gesto me faria tão bem. Pois
nestas pequenas e simples coisas encontrei grandes respostas. Muitas vezes precisamos
apenas de um tempo conosco para nos entender melhor, renovar nossas energias e
saber que após a chuva sempre vem o sol.