segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Conto Para A Minha Morte. Parte 4.

Como disse quando estava entrando em minha pré adolescência, comecei a sentir falta da presença paterna em minha vida. No dia dos pais, ou simplesmente quando via algum colega de escola chegando com seu pai. Nestes momentos ficava imaginando, como seria o meu pai. Seria ele tão carinhoso, quanto aos dos meus amigos de escola. Ou seria totalmente diferente do que imagina. Só o conhecia através das fotografias. Entretanto nunca questionei nada a respeito de meu pai a minha mãe, embora sentia uma imensa vontade de conhecê-lo. E este dia chegou, quando completei onze anos fui com minha mãe e meu irmão conhecê-lo. Foi um dos momentos mais marcantes de minha vida. Meu pai era uma pessoa muito alegre, e nos tratou muito bem. E fiquei muito contente, logo uma ideia começou a fazer morada em meu coração. Se meus pais voltassem a viver juntos novamente, como seria bom, teria os dois novamente juntos. Teria meu pai e minha mãe juntos e voltaríamos a ser uma família completa novamente. Essa ideia ganhou a força de um grande sonho pra mim. Mas infelizmente não foi possível, ambos estavam separados há muito tempo. Há dez anos, só mesmo um menino na tenra idade que tinha poderia sonhar com a reconciliação novamente, dadas as circunstâncias da época que eu pouco ou nada compreendia. Afinal para mim naquela época era complicado demais entender o "mundo dos adultos". Um mês após estava de volta em minha casa e a 2000 km longe de meu pai. Ele tinha me causado uma boa impressão a princípio, e eu queria manter contato com ele. Assim que cheguei a primeira coisa que fiz foi escrever uma carta para ele. Na qual dizia que tinha sido muito bom conhecê-lo e que o amava apesar de tudo. Foi a minha forma bem particular de tentar recuperar o tempo perdido. Afinal nestes dez anos que cresci longe dele, nunca recebi sequer uma ligação, um cartão postal, um feliz aniversário, mesmo ele sabendo onde morava. Ele sempre soube. Entretanto passou-se um mês e nada da resposta desta carta. E muitos outros seguiram, esta foi a maior decepção de minha adolescência. Hoje já sou adulto e nunca recebi a resposta daquela carta. A partir daquele momento, lembro como se fosse hoje, meu pai morrera para mim. Aos 11 anos eu prometi que nunca mais o chamaria de pai, e sim "aquele cara." E só então a medida que fui crescendo e comecei a indagar muitas coisas a minha mãe. Ela que em nenhum momento ao longo de todos esses anos fizera algum tipo de propaganda negativa a respeito dele. Tentou de todas as maneiras preservar o nosso amor por ele. Mas os fatos falavam por sí só. A verdade era que meu pai nos abandonou e minha mãe nos criou sozinha. Sua tentativa de preservar o amor entre pai e filho tinha sido em vão. A medida que fui me "entendendo por gente", tudo ficava claro em minha mente. E cheguei a conclusão de que meu pai não se separara só de minha mãe, mas dos seus filhos também. E para mim ele estava morto.

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