segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Conto Para Minha Morte. Parte 3

   Um belo dia já não aguentava mais aquele gesso. As vezes mijava nele, pois nem sempre tinha alguém por perto para me levar ao banheiro. Minha mãe precisava trabalhar, e meu pai... Bem tinha me esquecido desta parte. Eles se separaram um ano antes, um ano após o meu nascimento meu pai se separou de minha mãe e foi embora. Fui criado pela minha mãe, meus irmãos. Em minha casa sempre que um irmão casava, o mais velho que ficava em casa assumia "meio que o papel de pai". Voltando ao gesso, ele já estava me incomodando e começando a apodrecer. Eu queria logo que tirassem aquilo de minha perna. E com dó de mim e atendendo as minhas súplicas, meu tio com a ajuda de um serrote tirou o gesso. O que para mim foi um alívio. Minha perna tinha sarado, graças a Deus, entretanto ficou uma sequela, ela ficara um pouco torta para dentro em relação a outra perna. Era visível, qualquer pessoa que olhasse para minhas pernas, perceberia que uma era torta em relação a outra. Mas nada que me impedisse de brincar correr, ser uma criança como qualquer outra.
   Os anos de minha infância foram realmente os anos dourados de minha vida. Era uma criança que adorava brincar, correr e falar coisas engraçadas para as pessoas rirem. Um dos meus tios disse-me anos mais tarde que uma vez eu disse que era "hospitalino" pois tinha nascido em um hospital. A primeira vez que fui à escola, achei tudo estranho e observava tudo. No começo a gente passa por aquele periodo de adaptação, depois você faz as suas primeiras amizades e logo passa a chamar a professora carinhosamente de "tia". Na hora do recreio é a hora da diversão, correr, inventar brincadeiras, e etc...
   Quando fui chegando a pré adolescência sempre no dia dos pais era inevitável não pensar no meu. As professoras nas escolas pediam para fazermos cartões para entregar aos nossos pais. Embora sentia falta do meu, nunca fui muito de ficar fazendo perguntas a minha mãe a respeito. Acho que a presença forte dos meus irmãos e tios e o amor incondicional de minha mãe supriram esta necessidade. Só comecei a sentir mais esta necessidade de conhecê-lo a partir dos nove anos.
  

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