Como um bom usuário do transporte coletivo que sou também não me falta o senso de observador característico de todos aqueles que diariamente usam esse transporte para ir ao trabalho por este Brasil afora. Dentro de um ônibus existe uma verdadeira comunidade, um mundo a parte. Quase sempre lotado presenciamos de tudo inclusive discussões. Quando o motorista da aquela frenada brusca e pronto não demora muito para alguém proferir impropérios a sua genitora, e depois do primeiro muitos outros virão. Aliás, juiz de futebol e motorista de transporte coletivo tem esta peculiaridade em comum. Se corre demais, tome reclamação afinal não é “a mãe dele que esta ali”. Se anda devagar tome reclamação “Este motorista é muito lento” “Não sabe dirigir, deixa o motor perder o giro, não disse”. . Outro dia ouvi uma senhora dizer que ela não daria seu lugar a ninguém já que ela também tinha pago a passagem e a culpa era de quem entrava em um ônibus lotado, mal sabe ela que além de ser uma questão de empatia é lei, pois existem acentos reservados para pessoas em condições especiais.
Mas não é só de reclamações que vive a população “transporte coletiviana” ou “onibusana”. Há também cavalheirismo, empatia, embora em um número cada vez mais reduzido. Aquele indivíduo que ainda se levanta para oferecer o seu lugar a um idoso, uma jovem com um bebê nos braços etc..
No ônibus fala-se sobre a novela: “Você viu quem matou a norma em Insensato Coração”?” “ A mãe do Léo só pode ser louca, como é mesmo o nome dela?”“ Wanda” Diz a outra que não estava participando, mas estava atenta a conversa.
Sobre futebol: “ Você viu que golaço fez o Neymar contra o Flamengo” “ E o Ronaldinho Gaúcho aquele gol metendo a bola embaixo da barreira” – E imita o gol com as mãos. “ coisa de gênio” – Pondera outro.
Claro que não poderia faltar a população onibusana que é sempre tão informada a política: “Nossa você assitiu pela TV ontem as declarações da presidente, ou melhor presidenta né, é assim que ela quer ser chamada.” “ Político é tudo igual mesmo” “ mas ultimamente está demais”, “nada sempre houve é que agora está sendo mais divulgado”.
A população onibusana também lança modas. Afinal sempre tem aquela roupa bacana que alguém está usando e que lhe desperta o desejo de consumo. Ou então um belo par de coxas em uma saia tão minúscula que me recuso a chamar de “mini”, e que causa o alvoroço dos homens que fingindo não ver dá aquela olhada de “rabo de olho”, como quem não quer nada. Os mais puritanos em geral as senhoras que ali se encontram cochicham: “ Onde já se viu usar uma saía daquelas” “ falta de vergonha, desconjuro”.
Tem também aquele cidadão que senta na cadeira como se fosse só dele, abre as pernas e deixa apenas um espaçozinho para o outro usar. Afinal ele é o dono do pedaço você que senta na beirinha, pois o espaço “é pequeno demais para dois”. E não podia faltar o cantor aquele cidadão que entra com uma mochila um tanto suja, roupas de quem não lava há um bom tempo, um hálito que é pura 51, ou caninha da roça, e ao passar pela roleta segue em direção ao fundão e a população onibusana abre espaço se espremendo temendo um simples esbarrão no indivíduo, que ao chegar ao fundão canta sucessos de Raúl Seixas, Cazuza, repete a música Maluco Beleza "trocentas vezes", e tenta puxar um diálogo, ao que ninguém lhe responde, como se fosse um homem invisível. Não podemos esquecer dos que tem um belo perfume natural exalando pelas axilas, pois um bom desodorante estragaria aquele perfume natural do homem afinal, "homem que é homem não usa desodorantes". E assim quando ele levanta os braços dá vontade de parar de respirar, ou então respirar só pela boca, tática que funciona. Não podia faltar o bom e velho Pum, que uma vez solto em direção ao chão insiste em subir até o nariz. E o vento que entra pelas janelas faz questão de espalhar e logo caretas e comentários do tipo: “ Nossa que falta de respeito”, “Não tem educação”, “tá louco viu, este está podre”- Diz o autor do próprio disparo.
Antes de finalizar não poderia esquecer de contar uma pequena história sobre a população Onibusana, que me lembrei enquanto escrevia esta crônica e me foi contada por minha mãe: Meus pais caminhavam tranquilamente pelas ruas da capital acreana - Rio Branco- Quando uma mulher se aproxima e pergunta ao meu pai:
- Moço, o cata corno já passou? - Meu pai que não perde a oportunidade respondeu:
- Não senhora. Mas o cata puta está perto de passar.
A tecnologia se faz presente nesta população, pois estamos sempre vendo os usuários com seus modernos celulares com mp3s, notebooks de todos os tipos e formatos, Alguns concentrados na viagem que a musica lhe traz através dos fones em seus ouvidos. Se bem que fones de ouvidos tem sido uma coisa rara em ônibus ultimamente. A moda agora é ouvir a sua música no último volume e fone de ouvidos pra que? Deixe que os outros ouçam a música tocada por este pequeno, moderno e potente aparelho afinal todos gostam de música mesmo. Estou contribuindo até para quebrar a rotina. E tranquilamente vou lendo o meu livro e ouvindo aquela música, tocada pelo aparelho do vizinho e me pergunto, onde estão os fones de ouvidos? Fone de ouvido é luxo, e assim um, dois ou três aparelhinhos vão tocando ao mesmo tempo, só cabe a você eleger qual a melhor canção e boa viagem até o ponto final.
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ResponderExcluirSENSACIONAL! PARÁBENS PELA CRIATIVIDADE E SENSO DE HUMOR.
ResponderExcluirACHEI QUE NÃO CONSEGUIRIA LER ATÉ O FINAL, POIS LOGO NO 1º PARÁGRAFO COMEÇEI A RIR.
MAS NO 2º PARÁGRAFO REALMENTE GARGALHEI, PRECISEI ATÉ DAR UMA PAUSA E DEPOIS RETOMAR A LEITURA.
EU JÁ PRESENCIEI A MAIORIA DESTAS CENAS (ACHO QUE POR ISSO ACHEI TANTA GRAÇA).
NO SÁBADO, QUANDO EU VOLTAVA DO CURSO DE INGLÊS, PASSEI POR UMA SITUAÇÃO INUSITADA NO ÔNIBUS: ENTREI, ESCOLHI AQUELE LUGARZINHO PREDILETO NA JANELA, E LOGO UM CIDADÃO SENTOU-SE AO MEU LADO. DAQUELE TIPO QUE ACHA QUE POLTRONA DE ÔNIBUS É DIVÃ DE PSICÓLOGO. SENTAM AO SEU LADO, PUXAM ASSUNTO COMO SE TE CONHECESSEM DESDE A INFÂCIA. E EM MENOS DE 3MIN ESTÃO ESPLANANDO SOBRE SUA VIDA DESDE A INFÂNCIA, SEM SE IMPORTAREM SE VC ESTÁ INTERESSADO EM SABER.
DESESPERADA LEMBREI-ME DE UMA PRECIOSA DICA DE UMA AMIGA, “O MELHOR JEITO DE EVITAR CHATOS EM ÔNIBUS É COLOCAR O FONE E FINGIR Q ESTÁ DORMINDO”. AHH, NÃO PENSEI DUAS VEZES, PEGUEI MEU CELULAR ESCOLHI UMA MÚSICA, ME AJEITEI NA POLTRONA, FECHEI OS OLHINHOS E FINGI QUE ESTAVA DORMINDO.
O QUE NÃO ESTAVA NOS MEUS PLANOS É QUE O CARA IA PRA LONGE..... MINHAS COSTAS CPOMEÇOU A DOER, (ACHO QUE QUEM IINVENTOU OS ACENTOS PARA ÔNIBUS TINHA NO MÁXIMO 1,5M DE ALTURA), E NADA DO INDIVÍDUO DESCER. ENFIM DESCI EM CAMBURI E ELE SEGUIU NO ÔNIBUS. NUNCA A VIAGEM CIDADE-CAMBURI FOI TÃO DESCONFORTÁVEL.
DEPOIS DESTA EXPERIÊNCIA, PARA EVITAR DESPESAS COM O ORTOPEDISTA, VOU OPTAR POR DAR UMA DE “FREUD” E OUVIR ESSES “ONIBUSANOS EM BUSCA DE PSICÓLOGOS”.
OBS: FALTOU APENNAS COMENTAR, SOBRE AQUELES ONIBUSANOS, COM VIDA AGITADA E QUE O ÚNICO LUGAR QUE LHES RESTAM PARA FAZER SUAS ATIVIDADES ESCOLARES É A POLTRONA DO BUSO. RSRSRSRSRSR
Essa é boa...rsrs...cata puta kkkkkk, verdade tanto quanto cata corno kkkkkk, mas tbm poderia ser cata babaca e cata otário e etc...
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