Ouço o tic tac do relógio, a noite longa e lenta já não é mais a mesma criança que habitava em nossos corações. Já não acalenta meu sono, e nem desarma minha guerra interior... Já não sou mais aquele jovem sonhador que acreditava num ideal... Ocastelo de areia que construí, me fez lembrar a criança que um dia fui na beira do mar. Mas as ondas raivosas destruiram meu castelo. O sonho se tornou mais seco e sem sabor, porque o sonho já não tem tanta magia quanto antes. Posso ouvir o alarido surdo do meu coração pedindo para renascer a criança que habitava meu ser. Mas o mundo me mostrou o mar de sal em que vivemos. A poesia seca e dura do concreto armado, das cidades infestadas que corrompem minha alma. Trasnformam-me numa outra pessoa... Fazendo-me uma pessoa mais seca e desiludida, tentando encontrar o caminho de volta. Ouço o sussuro lento do meu ego, me incentivando a seguir. Sussurando em minha alma que nem tudo está perdido, que há diversos caminhos e um destino a ser seguido, que apesar de tudo, nem tudo está perdido. Que morremos quando deixamos de sonhar, que a luta é o começo da vida a continuar, é o sopro que acalma a guerra interior. É a paz que habita um jardim que não tem flor.
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