quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Sol de Rugas


E de repente mais um ciclo se encerra...
Foi chegando de mansinho, sem que eu me desse conta da velocidade com que chegou.
E viver é sempre um desafio, um privilégio.
E temos que estar preparados para o tamanho do desafio que é.

As lágrimas que me condenam ao sofrimento.
Que perfura cada gota de minha existência e deixa cicatrizes.
Estas achei que me fariam sucumbir. A morte presente a cada dia.
Os olhos da águia sedento a observar a presa, os passos que o vento do deserto apagou...

O olhar inquieto e penetrante da silhueta que me fazia sonhar com o desconhecido.
O céu em noites de tormenta anunciava o prelúdio...
A brisa que toca o meu rosto já não é mais a mesma.
Ouço gritos do menino preso nas areias do tempo...

Mesmo não o compreendendo sinto que pertencemos um ao outro...
Sorrio e mergulho na paz que me invade. No silêncio que me diz tudo que preciso.
Na alegria de um coração tolo, na ingenuidade de um espírito livre...
No beijo que não acontece, no amor que morre, na flor que sorri para mim todas as manhãs.

Quando menos espero algo acontece, quando aposto alto perdido estou.
E o sonho o que é? E o sonho onde fica?
Ninguém pode dizer a você aquilo que só uma pessoa pode responder.
Vejo a alegria do menino e me deixo contagiar por ela.
Ele corre nas areias do tempo. Já não está sozinho porque sabe que será sempre a soma de alguém.

Ele corre simplesmente para sentir os pés na areia e o vento acariciar o seu rosto.
É um sábio e não sabe!
Nas pequenas coisas consiste a sabedoria.
No voo do pássaro esconde se o mistério, nas manhãs de inverno os meus dias são cinzas.

Nas tardes de outonos faço planos.
E os dias não podem ser iguais. Deve existir uma centelha mágica.
Todos os dias o flash dispara e as imagens são captadas e cooptadas;
E o que devo fazer com tudo isso? Ninguém pode responder aquilo que só uma pessoa pode dizer.
Me entrego ao inevitável, choro o inesquecível,
Sinto o presente escapando pelos meus dedos tirando de mim qualquer tipo de controle.

Um homem tem o dever de sonhar.
E na sinfonia da existência a chama nunca pode estar ausente.
O velho índio, o beduíno o que eles tem em comum?
Um homem tem o dever de amar, o direito de sonhar... Um coração velho incendeia assim como um jovem e rebelde. Um homem tem o direto de amar e o dom de sonhar.

O término é o prelúdio do novo que virá...
A vida me põe de cabeça pra baixo! E somente eu posso permanecer ali.
Viver é sempre um desafio e aceito.
O privilégio e a responsabilidade das dores e alegrias, das tormentas e calmarias.
Em algum lugar, sempre em algum lugar está o que procuro.

As nuvens sobre a minha cabeça, a gota que beija a terra. O sol a aquecer os corações.
A criança chora. Tudo se renova. O coração se aquece.
A minha alma bebe o cálice da vida. Olho para trás e aceito. Entendo o que precisa entender e deixo para trás aquilo que não me compete. Abro os braços para o universo e vejo o horizonte a minha frente.


Nenhum comentário:

Postar um comentário